17 Julho 2022

O que é I&D?

A definição de I&D internacionalmente utilizada pelo Manual de Frascati refere que “as atividades de investigação e desenvolvimento experimental (I&D) compreendem o trabalho criativo desenvolvido de forma sistemática tendo em vista aumentar a base de conhecimentos, incluindo o conhecimento sobre o homem, a cultura e a sociedade, e o uso deste conhecimento para criar novas aplicações”.

Quais as vantagens de apostar em I&D?

Num mercado cada vez mais competitivo a inovação tem ganho uma posição de destaque, permitindo às empresas diferenciarem-se da concorrência. Atualmente, os gestores encontram-se muito despertos para a crescente necessidade de inovar – produtos, serviços e até mesmo a própria estrutura organizacional. O investimento em I&D apresenta inúmeras vantagens sobretudo para uma estratégia a longo-prazo.

Quais os desafios?

Embora este tipo de investimento incorpore diversos benefícios, entre eles os potenciais lucros, os gestores das empresas sentem algum receio. Este sentimento deve-se ao facto desses lucros nem sempre poderem surgir de forma rápida e em grande escala. Os gestores acabam então por apostar em investimentos de curto prazo, onde os retornos são menores mas com um nível de assertividade superior. Porém, é precisamente este “mindset” que impede as empresas de se tornarem mais competitivas e inovadoras.

Que passos deve seguir para ser um gestor bem-sucedido neste sector?

De forma a que se estabeleçam mudanças nas empresas e que estas acompanhem o mercado cada vez mais competitivo, um gestor deve apostar no investimento em I&D pois oferece a garantia de que os produtos nacionais continuam a existir em mercados globais fortes e competitivos. Para que este investimento seja bem-sucedido e os constrangimentos que a ele estão associados sejam ultrapassados, o gestor deve mudar a sua atitude e as decisões que toma, pois estas espelham a estratégia assumida pela empresa. Desta forma, segundo o Exploring the Principles of R&D Leadership with Award-Winning R&D Leaders”, estudo da revista científica Research Technology Management, um gestor bem-sucedido no sector da Investigação e Desenvolvimento deve possuir as seguintes características:

  • Estar sempre preparado para aproveitar novas oportunidades assim que elas surgem
  • Incentivar a administração a adoptar iniciativas inovadoras
  • Elogiar a sua equipa em público
  • Desenvolver uma relação com os colegas baseada no encorajamento e no entusiasmo
  • Desempenhar o papel de guia/conselheiro/orientador
  • Procurar feedback acerca da sua própria performance
  • Manter-se informado sobre as estratégias das empresas concorrentes
  • Ser criativo no que toca à resolução de problemas
  • Assumir uma postura de “Self-Learner” – estar sempre a aprender
  • Possuir uma forte capacidade de adaptação
  • Participar em todo o processo de desenvolvimento dos projectos da empresa
  • Monitorizar os aspectos financeiros do seu trabalho
  • Divulgar/Partilhar os resultados dos seus projectos

Segundo o mesmo estudo da Research Technology Management, existem vários fatores que permitem ao gestor verificar se foi bem-sucedido na sua estratégia de investimento em I&D. Entre estes destacam-se:

  • percentagem da receita anual da empresa investida em I&D
  • O número de entradas em novos mercados
  • O número de inovações na estrutura organizacional da empresa
  • O número de funcionários da empresa a desenvolver estratégias de I&D
  • O número de produtos e serviços da empresa provenientes do investimento em I&D

7 estratégias de um líder bem-sucedido em I&D

Após a análise das características necessárias para um gestor empresarial que atua no sector da I&D ser bem-sucedido, destacamos as 7 estratégias para consolidar o seu papel enquanto um líder inovador:

  • Desenvolver um ambiente de trabalho em que os colegas se sintam motivados e inspirados. Motivar e entusiasmar a equipa de modo a que esta se sinta desafiada
  • Alinhar a estratégia de I&D da empresa com a sua estratégia global. O gestor deve procurar desenvolver a estratégia global da empresa sem nunca esquecer a estratégia de investimento em I&D
  • Ser intuitivo, reflectivo e analítico. A capacidade de fazer bons julgamentos permitirá superar as típicas decisões automatizadas que geralmente se apresentam como as mais lógicas a serem tomadas, mas que nem sempre são as mais benéficas para a empresa. Desta forma, o gestor deve ter a capacidade de fazer apostas corajosas e a longo prazo
  • Ser corajoso, arriscar e saber lidar com os erros. O gestor deve ter a capacidade de assumir os riscos que a empresa pode suportar, de modo a aumentar o potencial criativo, inovador e lucrativo dos seus projectos e dos seus trabalhadores
  • Possuir uma atitude multifacetada: não ser apenas um líder, mas também um guia e um conselheiro. É importante que transmita confiança e seja encorajador de uma atitude proactiva
  • Valorizar as características e pontos fortes dos colegas. O gestor deve criar uma sinergia entre os membros da equipa com base nas diferenças que existem entre eles e de modo a que cada indivíduo se sinta especialmente importante, independentemente da sua função
  • Reconhecer, recompensar e celebrar os esforços e conquistas da equipa. O gestor deve reconhecer os esforços da sua equipa através de oportunidades, reconhecimentos anuais e incentivos

Em suma, características como a criação de uma cultura de trabalho empreendedora, possuir uma atitude motivadora, uma visão tolerante ou valorizar as diferenças, podem ser vistas como as características que qualquer líder deveria ter.

No entanto, face à complexa natureza do sector da I&D, o gestor deve possuir um leque de características muito mais dinâmicas e abrangentes. Deve ser intuitivo e não ter medo de arriscar, pois como nos diz Luísa Marques, uma das fundadoras do MBA Executivo da Porto Business School: “ser empreendedor é saber arriscar”.

Autores:

Fábio Gomes e Jorge Félix